E aí? Pois é, sei lá.

vudu-luan-brunurbano
Se eu falar a expressão “música romântica”, o que vem em mente? Espero que obviamente, músicas que falam de amor, que “tocam o coração”. Qualquer uma do programa “Good Times” da 98 FM (aqui no Rio), ou similares. Quando falo disso, lembro do locutor nas madrugadas com sua voz grave, imponente e aveludada, declamando as músicas em sua tradução mais sublime e literal e fazendo as mulheres apaixonadas suspirarem, as carentes chorarem e as rejeitadas procurarem um analista o mais breve possível. Acho que esse é o máximo do aceitável no nível de breguice  romantismo.

Há uns dois meses, enquanto zappeava a procura de algo bom para assistir (perceberá de antemão que não encontrei), parei no Faustão (viu?!). Era um domingo e estava acompanhado da namorada aqui em casa. Íamos ao shopping, mas ao começar a assistir o que vem a seguir, nos sentimos hipnotizados e forçados a ficar até o final. Fausto Silva acabara de anunciar mais uma música de trabalho de algum artista que já estava fazendo, ou iria fazer, sucesso em todo o Brasil. O artista: Luan Santana. A música: Te Esperando.

Lembro apenas de flashes (afinal, estava em transe), mas o pouco que lembro foi que o Luan não  falou quase nada. Já chegou para cantar e foi embora. Muito rápido. Talvez isso tenha impactado em todo o processo de manipulação cerebral. Digo isto pois o enredo da letra parecia não ter fim, além de em primeiro momento parecer romântica, num segundo ficava claro para mim que o cara estava jogando praga para toda a vida da mulher por conta de uma cantada que ele deu nela na fila de um banco e que ela não caiu, escolhendo um tal de Fernando, num “lance assim, sem graça”.

O feitiço estava lançado!

Fernando então ficaria com ela sem eles se gostarem e se casariam sem se amarem. Depois de longos seis meses, um olharia para o outro e, diante de toda a rotina de um casamento fracassado, de um relacionamento sem sal, empurrado com a barriga, um olharia para o outro e teriam o seguinte diálogo:

– E aí?
– Pois é…
– Sei lá.

Com certeza estariam assistindo Faustão nesse momento.

A mulher, que tem seu nome preservado durante toda a história, ao contrário de Fernando, suportaria o casamento por causa dos (olha aí!) filhos, por muitíssimo tempo. 10, 20 ou 30 anos, até ela se olhar no espelho, comparar com as fotos dos álbuns de família, ou do Facebook (geralmente nas quais os amigos marcaram-na e que ela pediu para deletar sem sucesso) e se assustar com os cabelos brancos. Cara, cruel!

Um dia, então, ela se sentaria numa cadeira de balanço e lembraria da época  de mocinha, quando tinha 20 aninhos. Era solteira, se divertia ‘cazamiga’, indo ao shopping, para a night balada, na praia. Ah! As paqueras…. Entre estas, se recordaria de uma cantada sem vergonha que recebeu na fila do banco, lembrando do nosso herói. Logo se perguntaria por onde o Luan poderia estar.

Após toda essa história triste, toda uma vida de desilusões e fracassos amorosos. De não poder nem dar o verdadeiro amor de mãe aos seus filhos, já que não era a vida que ela queria ter, Depois de tanta desgraça emocional, eis que ressurge o “rejeitado do Bradesco“, fazendo jus ao banco e marcando sua presença. Ele promete que estará esperando-a mesmo que ela, personagem a qual continua anônima para evitar uma possível concorrência por parte dos ouvintes, já esteja velhinha gagá (lê-se Alzheimer). Com noventinha, viúva (morra, Fernando!), sozinha (sem os filhos que foram mal cuidados a vida toda e a largaram num asilo), não importa para ele. De qualquer forma, ele vai ligar para ela, chamá-la para sair (com 90 se vai para onde, hein?) e até mesmo namorar no sofá (!!!). E mesmo que não dê ainda, que a praga não tenha sido forte o suficiente, ele completa: “Nem que seja além dessa vida, eu vou estar te esperando.”

Quer dizer, matou a mulher como quem diz “se eu não posso, ninguém pode”. E mais: “e vai morrer de velhice!”. O princípio da inveja pode ser explicado pela psicanálise. Sim. Caso clássico.

Além de todo esse vudu poético-musical, algo ainda não faz sentindo para mim. Se ela vai estar velhinha gagá, como que lembrará dele lá quando tinha 20 anos de idade? Será o amor? A força deste sentimento tão puro e poderoso que transcende qualquer limitação física e mental, fazendo assim ressurgir lembranças que fazem por si a constituição do mesmo e a essência do ser enquanto humano e passional?

Não sei.

Sei que melhor do que esta música é o clipe que tem uma temática própria, uma produção peculiar e requer uma análise mais profunda do que apenas o que se assiste no Youtube. (Eu falaria MTV, mas entregaria a minha idade)

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Publicado em Música
3 comentários em “E aí? Pois é, sei lá.
  1. Geórgia disse:

    Só pra completar…
    Até hj cantamos essa música numa empolgação de dar inveja aos verdadeiros fãs de Luan( sim,
    só Luan, pq já me sinto íntima kkk )

    Só pra completar 2…
    Acho que o clipe consegue ser pior que a música… Só acho

    • Bruno Costa disse:

      Detalhes poderiam continuar ocultos, assim como o nome da personagem principal. =P

      Ok. Não só canto, como toco no violão.

      Julguem-me!

  2. Sarah disse:

    Ele é um anjo? E no fim cai por causa dela? Aff…
    Achei a música a coisa mais brega linda da minha vida! Amei demais da conta! Super minha cara!!!

    O blog ta super divertido, adorei!

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